O que configura a comunicação vai além do emissor e receptor - a mensagem deve conter emoção, sensibilidade, contato, e, principalmente, humanização. O maior erro de quem não entende esses realces do ato de comunicar é não ter uma percepção de todo o contexto, valorizando, detalhes que não têm ligação apenas com o capitalismo, mas com uma questão comunitária.
As comunidades em uma sociedade possuem suas peculiaridades, necessidades e, consequentemente, vivências únicas. O interessante é exatamente a diferenciação de como cada comunidade recebe uma mensagem, e ter disposição para entender a profundidade de cada uma delas é papel de um comunicador. Portanto, o ato de comunicar atravessa o senso comum e deve aflorar para uma compreensão profunda de cada causa envolvida.
Com esse pensamento, a comunicação é capaz de promover o entendimento de forma sensível a necessidade do movimento pessoa com deficiência (PCD), pois perpassa por questões enraizadas socialmente, que denominamos de capacitismo:
Capacitismo é a discriminação ou violências praticadas contra as pessoas com deficiência. É a atitude preconceituosa que hierarquiza as pessoas em função da adequação de seus corpos a um ideal de beleza e capacidade funcional. Com base no capacitismo, discriminam-se pessoas com deficiência. Trata-se de uma categoria que define a forma como pessoas com deficiência são tratadas como incapazes (incapazes de trabalhar, de frequentar uma escola de ensino regular, de cursar uma universidade, de amar, de sentir desejo, de ter relações sexuais etc.), aproximando as demandas dos movimentos de pessoas com deficiência a outras discriminações sociais como o sexismo, o racismo e a homofobia (MELLO, Anahi Guedes de, ONLINE, 25 de agosto, 2020).
Sendo essa uma ação preconceituosa em relação à pessoa com deficiência, é de suma importância que as estratégias comunicacionais dentro do meio social sejam executadas com o foco em desconstruir essa imagem deturpada da PCD, o que não é fácil, porque o capacitismo já está tão imerso em nossas ações e “achismos”, que nos provoca dificuldade e ocasiona obstáculos. O que importa é proporcionar condições para PCDs se sentirem pertencentes aos espaços. Com isso, surge o questionamento - mas como? Através de práticas que impeçam barreiras nos ambientes; reafirmando, constantemente, no meio em que atua, a capacidade da PCD em vivenciar tudo que uma pessoa que não tem deficiência consegue; demonstrando que a limitação está na falta de adaptação nos lugares e na conscientização e não nas pessoas com deficiência.
O COMUNICAPCD surge com essa iniciativa - fazer da comunicação um processo estratégico pela qual pode-se compartilhar, informar, entender, conscientizar pessoas a respeito da causa. Por que a comunicação? É no ato de comunicar que as pessoas com deficiência podem expressar que querem ser reconhecidas como pessoas antes de tudo, não serem enxergadas apenas pela deficiência que faz parte, mas não às define.
O movimento PCD precisa de representatividade dentro do próprio público. Quanto mais questionado e abordado como pauta relevante, mais o progresso das melhorias para um olhar mais humanizado se dá aos PCDs. O objetivo é compreendermos a importância de lutar por nós mesmos e pelos seus dentro da comunidade de pessoas que possuem uma deficiência.
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Texto: Andressa Linhares - Graduada em Comunicação Social - Relações Públicas pela Universidade Federal do Maranhão e autora desse projeto.
Correção: Éllida Guedes - Profª Drª do Departamento de Comunicação Social da Universidade Federal do Maranhão, graduada em Relações Públicas.
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