No percurso da história sobre nós (pessoas com deficiência), padecemos por situações humilhantes, fomos tratados como a escória da humanidade, pelo simples fato de ser diferente, nos trancavam em Instituições Totais, com a dissimulação de cuidar das nossas imperfeições, mas no fundo eram apenas falácias, porque o intuito era tratarmos como seres defeituosos, e por isso, por muito tempo famílias escondiam crianças que nasciam com uma deficiência, pelo receio do que poderia ser feito com elas.
Todavia, a prática do “confinamento” de pessoas com deficiência intelectual em asilos, prisões e manicômios, tem uma diacronia conhecida e registrada em compên-dios históricos e sociológicos, como o clássico: Manicômios, Prisões e Conventos, de Erving Goffman. Seixas (2009) lembra que os hospitais, os asilos e as prisões são estruturas que atuam no controle do tempo e do espaço dos corpos. São para Goffman (1974) as chamadas instituições totais. (Santana, 2013. p 229 apud Goffman,1974)
O que perdura até hoje de forma camuflada, mesmo com Leis que nos amparam existe uma ideia enraizada acerca da pessoa com deficiência, a ponto de continuarem com as mesmas atitudes só que de maneira implícita, com a mesma justificativa de acolhimento.
A maioria das pessoas é colocada em instituições por seus responsáveis legais e não pode sair sem consentimento destes, nem sequer por um curto período de tempo. Os adultos com deficiência destituídos da sua capacidade legal e colocados em instituições com base na sua deficiência contra a sua vontade, sem o seu consentimento ou com o consentimento de um responsável legal, são vítimas de detenção que é ilegal nos termos da Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (CDPD), que o Brasil ratificou em 2008. (Online, 2018)
Portanto, o capacitismo já perdurou por muito tempo, era normalizado e cruel, até que através de movimentos de simpatizantes da causa e os próprios pcds levantaram a bandeira da liberdade de ser quem é sem medo, sem intolerância e preconceito. Na atual circunstância usufruirmos da luta densa e assustadora de uma época quase que sem lei, aliás, sem leis que beneficiassem pessoas com deficiência.
No entanto, de fato parece cansativo lutar por uma causa que os progressos são demorados demais, porém toda causa é difícil, a história das grandes comunidades são regadas de lágrimas e temperadas com o fervor da vontade de continuar, porque cada preconceito que atinge uma pessoa deve ser combatido, são lutas digamos que nobres. E por quê a luta contra o capacitismo não pode ser motivo de orgulho e notoriedade? Não devemos querer além do que temos por direito...
...construir uma família independente da configuração, ter filhos, casar, ter uma vida sexual, amar e ser amada (o), cuidar, progredir, adquirir conhecimento, sonhar, ter vez e voz em suas escolhas e opiniões através das diversas formas de comunicação já desenvolvidas...
Precisamos mostrar nossa luta todo dia, a nossa resistência em existir já é uma forma de gritar para o mundo que merecemos sermos tratados com respeito e dignidade. Todavia, já faz um tempo que a tecnologia trouxe a possibilidade de termos visibilidade, através das redes sociais, estamos aos poucos construindo nosso espaço, então, quer mais motivos para combater o capacitismo? É só o começo, cansa, mas traz resultado, é só observar e não desistir de se empenhar de dentro para fora na nossa comunidade PCD.
Andressa Linhares *
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